Alunos de Nova Iguaçu conhecem o mar em Copacabana pela primeira vez

Grupo com 19 adolescentes e crianças com autismo participaram de atividades no projeto “Praia para Todos”

“Ver minha filha conhecendo a praia, pisando na areia e tomando um banho de mar é a realização de um sonho. Por ser autista, ela poderia ter medo do barulho das ondas, mas chegou aqui e adorou. Não quer mais voltar para casa”.

A emoção é de Íris do Nascimento, de 36 anos, mãe de Evelyn, de 13, aluna da rede municipal de Nova Iguaçu. Sua filha, que conheceu uma praia pela primeira vez, e outras 18 crianças e adolescentes viveram um dia especial neste domingo (18). Elas passaram o dia na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio. A visita aconteceu por meio de uma parceria da Prefeitura de Nova Iguaçu com o Instituto Novo Ser, que desde 2008 promove o projeto “Praia para Todos”.

O Programa, que já levou mais de 5 mil pessoas às praias do Rio, busca transformar a praia em um espaço inclusivo, oferecendo atividades adaptadas para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, com banho de mar, piscina infantil, vôlei sentado, frescobol adaptado, entre outros.

Os estudantes, que têm deficiência física, intelectual e autismo, entre outros, são das escolas municipais Janir Clementino Pereira, em Miguel Couto, e do Colégio Municipal Centro de Educação Especial Paul Harris, na Posse. Eles se divertiram no mar, nadaram com supervisores do projeto e ainda brincaram ao fazer castelinhos de areia. Pais e equipe diretiva e pedagógica das unidades escolares acompanharam a atividade.

“Gostei da onda e da areia. Minha primeira vez hoje. Quero voltar aqui”, comentou Evelyn do Nascimento Ribeiro da Conceição, uma das estudantes animadas do grupo e que já havia dito à sua mãe que tinha o sonho de morar em Copacabana para entrar no mar todos os dias.



A menina é uma pessoa com autismo, tem hidrocefalia (líquido que causa aumento da pressão intracraniana), deficiência intelectual, epilepsia e outras cormobidades do sistema nervoso; ela faz acompanhamento com fonoaudiólogo e psicólogo no posto de saúde Centro Especializado de Saúde Paul Harris, da Prefeitura, que fica ao lado da escola.

Há três anos, durante um passeio com a família, o adolescente Juan dos Santos da Silva Pereira, de 16 anos, quase se afogou numa praia, e sua mãe, Bruna Stephanie dos Santos Amaro, de 36, acreditava que ele fosse encontrar resistência para voltar ao mar. Desta vez, em Copacabana, o adolescente surpreendeu a todos ao avistar as pequenas ondas e correu para se molhar

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“O Juan é uma pessoa com autismo e deficiência intelectual e estava traumatizado por causa do incidente no mar durante o carnaval. Mas ao chegar aqui, jogou por terra esse trauma e se divertiu muito. Ele perdeu o medo, o receio e se sentiu seguro. Levar o aluno com deficiência para a praia é mais que uma diversão, é terapia. Ele até interagiu mais. Não quer mais sair da água”, avisou Bruna, com um sorriso de satisfação no rosto.

A coordenadora da Educação Especial/Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação de Nova Iguaçu, Nathália Araujo, que acompanhou as crianças e adolescentes na praia, enfatizou que o município de Nova Iguaçu a partir dessa primeira experiência irá participar outras vezes desse projeto para levar cada vez mais estudantes de outras escolas para vivenciarem experiências como a de Copacabana.

“Foi uma aula fora da sala, um passeio maravilhoso para a gente construir memórias, criar vínculos com outros estudante e poder interagir com o ambiente. É muito importante para o processo de aprendizagem essas experiências novas para os alunos. Nossa ideia é levar mais deles às praias para terem dias especiais como este”, garantiu ela.

Em 17 anos de existência, o projeto “Praia Para Todos”, que acontece entre os meses de dezembro e julho, já levou pessoas às praias de Copacabana, Ipanema, Barra da Tijuca, Recreio, Flamengo e Mangaratiba.  

“Senti alegria e ansiedade nesses alunos, pois damos amor e qualidade de vida”, destacou a coordenadora do projeto em Copacabana, Kelly Couto. “Damos acessibilidade para pessoas sem mobilidade ou com mobilidade reduzida a curtir um dia de praia”.

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