Alta histórica: dólar chega a R$ 6, maior cotação desde o Plano Real, após anúncio fiscal

Mercado questiona impacto da isenção do IR e estima que Selic suba a 14,25%

O dólar comercial alcançou R$ 6,0009 na manhã desta quinta-feira (11h22), registrando a maior cotação intraday desde o Plano Real. A forte alta de 1,4% em relação ao fechamento de quarta-feira, quando a moeda encerrou em R$ 5,9124, reflete a reação negativa do mercado ao pacote fiscal anunciado pelo governo.

O plano, que inclui corte de gastos e isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, foi recebido com ceticismo. Analistas apontam que a medida pode gerar perda de receita e comprometer a sustentabilidade fiscal. Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, destacou que, apesar da previsão de economia de R$ 70 bilhões, a compensação financeira para a isenção ainda é incerta, o que amplia a desconfiança.

Charo Alves, da Valor Investimentos, afirma que a ausência de detalhamento sobre a origem dos recursos pesa no câmbio e prejudica a credibilidade do ajuste fiscal. Além disso, a percepção de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diante do presidente Lula também elevou a incerteza.

No mercado internacional, enquanto o real liderava as desvalorizações frente ao dólar, outras moedas emergentes, como o rand sul-africano (+0,22%) e o peso mexicano (+1,42%), mostraram valorização. Entre as moedas líquidas, como euro, iene e libra, a desvalorização frente ao dólar foi mais modesta.

A desconfiança refletiu também na curva de juros futuros. A taxa DI para janeiro de 2026 subiu para 13,725%, enquanto o mercado estima que a Selic alcance 14,25% no final de 2025, devido ao impacto das medidas fiscais no cenário econômico.

Com informações de O Globo

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