
ABI critica ataques de Bolsonaro à Folha de São Paulo
outubro 31, 2018 /
A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) se posicionou diante das recentes ameaças do presidente eleito Jair bolsonaro ao jornal Folha de São Paulo. A poucos dias do resultados das eleitos, o jornal veiculou que empresas ligadas ao então candidato teriam pago impulsionamento de disparos de fake news contra o partido adversário (PT), pelo WhatsApp. Em nota, a associação diz que intimidações e retaliações de qualquer natureza a um veículo de comunicação representam grave ofensa à liberdade de imprensa e à própria Constituição
da República”.
Confira a nota da íntegra:
“A Associação Brasileira de Imprensa expressa perplexidade e desapontamento diante das mais recentes ameaças que o presidente eleito Jair Bolsonaro endereçou à Folha de S. Paulo. Intimidações e retaliações de qualquer natureza a um veículo de comunicação representam grave ofensa à liberdade de imprensa e à própria Constituição da República.
No calor de uma campanha política afogueada pelas paixões a imprensa pode ter cometido equívocos dos quais a Folha não seria a única exceção. Em editorial publicado nesta terça-feira, a Folha dá uma demonstração de independência e altivez ao condenar o processo rugoso do discurso de campanha de Fernando Haddad, além de também criticá-lo por não ter cumprimentado no mesmo dia o presidente eleito. Encerrado o processo eleitoral, não é aceitável que se cultivem rancores e sentimentos de vingança.
Verbas de publicidade oficial do Governo não podem ser usadas como moeda de troca, ou distribuídas de acordo com as oscilações de humor de quem tem o dever de administrá-las com equilíbrio e lisura. Como se trata de dinheiro público se faz necessária a adoção de critérios muito mais próximos da frieza da régua e do compasso que da métrica que rege as emoções do momento.
Ao ser contemplado com 57,3 milhões de votos válidos, o novo Presidente da República precisa também ser convencido de que não recebeu um alvará que o isenta dos compromissos estabelecidos pelo Estado Democrático de Direito. O mandato consagrado pelas urnas não o coloca acima da lei. O respeito ao contraditório, a livre circulação de ideias, a liberdade de expressão e de pensamento são alguns dos pilares nos quais repousam as nações que se dizem civilizadas.”
Aloma Carvalho
