Abertura dos Jogos de Paris terá inovação no rio Sena, premiação em dinheiro e breaking

Evento acontece nesta sexta-feira na capital francesa | Foto: AFP

Exatamente 100 anos desde que os Jogos Olímpicos foram realizados pela última vez em Paris, e 128 anos desde o seu renascimento moderno em Atenas, os Jogos Olímpicos ainda podem trazer novidades para a sua 33ª edição. Entre as inovações estão a cerimônia de abertura ao longo do Rio Sena, premiação em dinheiro e a estreia do breaking no programa olímpico.

A primeira grande inovação destes Jogos aparecerá logo na abertura, na sexta-feira, às 14h30, pelo horário de Bra´Silia. Milhares de atletas estarão navegando ao longo do Rio Sena ao pôr do sol em direção à Torre Eiffel. A ideia ambiciosa era trazer o espetáculo marcante de um estádio com ingressos caros para a cidade, onde muito mais pessoas poderão vê-lo gratuitamente.

Uma multidão de 320 mil pessoas é esperada nas margens do rio ao longo do percurso de seis quilômetros, da Ponte d’Austerlitz até a Ponte d’Iéna. Os ingressos serão gratuitos para cerca de 220 mil espectadores, que assistirão ao desfile de barcos da margem superior do rio. Cerca de 100 mil espectadores pagantes, incluindo luxuosos pacotes de hospitalidade, assistirão na margem inferior do rio e ao redor da praça Trocadéro – onde o desfile terminará com vista para a Torre Eiffel.

É o plano mais audacioso para uma cerimônia olímpica principal – os Jogos Olímpicos da Juventude de Verão de 2018 testaram uma abertura não tradicional no centro de Buenos Aires, na Argentina – e o seu maior risco de segurança. O plano original para 600 mil espectadores permitia mais espontaneidade na cidade, mas menos segurança.

O presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu que o desfile fluvial poderia ser transferido se a cidade for novamente atacada por terroristas, como aconteceu em 2015. A cerimônia de encerramento, em 11 de agosto, está marcada para a arena nacional do Stade de France, depois de receber o atletismo, na última semana dos Jogos. “Como somos profissionais, obviamente existem planos B, planos C, etc”, disse Macron, em dezembro.

PRÊMIO EM DINHEIRO

Em Paris, a premiação será paga aos medalhistas de ouro diretamente a partir das receitas olímpicas, numa controversa ruptura com a tradição. Mas não por decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), que se opôs claramente à promessa feita em abril pela federação internacional de atletismo, a World Athletics.

Cada uma das 48 medalhas de ouro no atletismo em Paris garantirá um prêmio de US$ 50 mil, cerca de R$ 280 mil. Para os Jogos de Los Angeles-2028, a World Athletics também quer pagar prêmios em dinheiro pela prata e pelo bronze. Os prêmios em dinheiro tornaram-se rotina para os atletas olímpicos quando pagos pelos governos e órgãos olímpicos nacionais.

A França pagará aos seus medalhistas de ouro cerca de US$ 85 mil cada. O Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA administra o “Projeto Ouro”, que dá US$ 37.500 para ouro, US$ 22.500 para prata e US$ 15.000 para bronze.

No entanto, a promessa de US$ 2,4 milhões (R$ 13,4 milhões) anunciada pelo presidente da World Athletics, Sebastian Coe, virá diretamente da participação do esporte na receita multibilionária do COI proveniente de transmissões e acordos de patrocínio.

Nos Jogos de Tóquio, há três anos, o COI reservou cerca de US$ 540 milhões para todas as entidades esportivas ligadas dos Jogos de Verão, conhecido como ASOIF. O atletismo é um esporte olímpico de primeira linha e por isso recebeu o pagamento mais alto: quase US$ 39,5 milhões (R$ 221 milhões). O COI, contudo, não quer ver crescer essa tendência de premiação aos atletas, preferindo que os órgãos dirigentes gastem as suas receitas olímpicas em projetos de desenvolvimento.

BREAKING

A modalidade fará sua estreia olímpica em Paris na reta final da competição, nos dias 9 e 10 de agosto. Ao todo, 16 b-boys e 16 b-girls competirão na Place de la Concorde, completando uma jornada de 50 anos desde que a dança surgiu no Bronx, bairro da cidade de Nova Yor, nos Estados Unidos.

A trajetória olímpica do novo esporte segue o conceito da cerimônia de abertura, testado em Buenos Aires em 2018. A ruptura será única, uma vez que a modalidade já não estará no programa olímpica dos Jogos de Los Angeles-2028. Os organizadores da futura Olimpíada optaram por dar ao críquete, ao flag football, ao lacrosse e ao squash suas estreias olímpicas modernas. Ainda não está claro se Brisbane pressionará para dar uma segunda chance em 2032.

BUSCA PELA PARIDADE DE GÊNERO

Paris foi onde as mulheres competiram pela primeira vez na história das Olimpíadas – em 1900, com 22 dos 997 atletas em competição. As mulheres competiram no tênis e no golfe, além de participarem de provas coletivas de vela, croquet e hipismo. Charlotte Cooper, da Grã-Bretanha, tornou-se a primeira mulher medalhista de ouro individual ao vencer o evento individual de tênis.

Desta vez, as mulheres ficaram muito perto de igualar o número de homens na Olimpíada. O plano e a promessa iniciais do COI era ter paridade total entre os gêneros. Mas isso não deve ser alcançado. Mesmo assim, os Jogos de Paris-2024 são os que mais se aproximaram disso na história até agora. “Esta é a nossa contribuição para um mundo com mais igualdade de gênero”, disse o presidente do COI, Thomas Bach.

SURFE LONGE DA FRANÇA

Outra novidade destes Jogos é a realização das provas de surfe em outro continente. Os atletas vão pegar as ondas poderosas da praia de Teahupo’o, no Taiti, na Polinésia Francesa, a mais de 12 mil quilômetros de Paris.

Inicialmente, o desejo do COI era que a disputa do surfe acontecesse mais perto de Paris, no badalado balneário de Biarritz, no litoral francês. Mas os organizadores de Paris mantiveram o desejo de levar a modalidade para a Polinésia Francesa, no Oceano Pacífico.

Teahupo’o foi aprovado e a controvérsia que se seguiu não foi sobre voos longos até o Taiti, mas sim sobre a construção de uma torre para abrigar os juízes praticamente no meio do mar, o que poderia danificar o recife de coral.

Com informações do O Dia

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