Ícone do site Nova Iguassu Online

A milionária disputa pela Câmara de São Paulo

*Luiz Carlos Azedo

A cidade de São Paulo tem 1.003 nomes inscritos para disputar o cargo de vereador nas eleições de 2024, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, 29 partidos lançaram chapas

Além da acirrada disputa pelo controle da Prefeitura de São Paulo, na qual despontam o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, Guilherme Boulos (PSol) e Pablo Marçal (PRTB), há uma milionária campanha pelo controle da Câmara Municipal da capital paulista. São 55 vagas de vereadores, das quais 52 são pleiteadas pelos atuais mandatários. Independentemente de quem ganhar a eleição, a Câmara de São Paulo deve sair das mãos do atual presidente, Milton Leite (União Brasil), que assumiu seu primeiro mandato como vereador na Câmara de São Paulo, em 1997, durante a gestão de Celso Pitta.

Sete prefeitos já passaram pela cidade, Milton Leite nunca fez oposição. Poderoso, no sexto mandato de presidente da Câmara, após mudar o regimento da Casa para permitir três sucessivas reeleições, Leite não se candidatou e decidiu apoiar dois candidatos na sua base: Silvio Antônio de Azevedo, o Silvão, seu chefe de gabinete, e Silvio Pereira dos Santos, o Silvinho, chefe de gabinete da subprefeitura de M’Boi Mirim. O primeiro recebeu R$ 3.565.826,79 de fundo eleitoral; o segundo, R$ 3.571.246,14.

A cidade de São Paulo tem 1.003 nomes inscritos para disputar o cargo de vereador nas eleições de 2024, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, 29 partidos lançaram chapas com candidatos ao maior parlamento municipal do Brasil. A maioria apoia a reeleição do prefeito Ricardo Nunes, cuja coligação tem 11 partidos (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Pode, Avante, PRD, PMN, e União Brasil) e dispõe, legalmente, de 42,2 milhões para gastar até 5 de outubro. Entretanto, Guilherme Boulos é o candidato com o maior volume de recursos. Apoiado por oito partidos (PSol, PT, PDT, Rede, PCdoB, PV, PCB e PMB), dispõe de R$ 65,6 milhões do fundo eleitoral. Já Pablo Marçal tem R$ 4,5 milhões, dos quais R$ 2,3 milhões de doações pela internet e R$ 1,9 milhão de pessoas físicas.

Candidatos ricos

No União Brasil, partido de Nilton Leite, o maior volume de recursos vai para a Pastora Sandra Alves (R$ 4.068.007,88). Entre os candidatos milionários da legenda, também estão Zilu, a ex-esposa de Zezé Di Camargo (R$ 1.809.619,28), o vereador Rubinho Nunes (R$ 1.546.792,20), o Delegado R. Monteiro (R$ 1.146.887,20), a personal trainer Edilene Lura (R$ 1.61.191,36) e a influenciadora do MBL Amanda Vetorazzo (R$ 1.033.939,28).

Os partidos com mais recursos de campanha não economizaram. A lista do PL é encabeçada pela vereadora Sonaira Fernandes, bolsonarista raiz, com R$ 1.768.700,00 para gastar. Rute Costa tem R$ 1.550.008,67; Dra. Sandra Tadeu, R$ 1.513.500,00; Tenente Baía, R$ 1.339.000,00; Tenente Nascimento, R$ 1.227.793,13; Carla Byelynskij, R$ 1.111.400,00; Isac Félix, R$ 1.052.000,00; e Lucas Pavanato, R$ 1.041.400,00.

A Federação Brasil da Esperança ((PT/PcdoBPV)) tem 9 candidatos milionários: Cláudio Fonseca (PcdoB), com R$ 2.486.072,03; Luna Zarattini, R$ 1.789.998,00; João Ananias, R$ 1.652,565,00; Alexandre Guedes, R$ 1.528.716,00; Senival Moura, R$ 1.224.900,00; Trípoli (PV), R$ 1.222.725,00; Ivone Silva, R$ 1.169.000,00; Dheirson, R$ 1.074.500,00; e Geraldo (Bancada da Periférica), R$ 1.002.460,00.

A bancária Ana Carolina Oliveira (mãe de Isabella Nardoni, morta em 2008) recebeu R$ 1 1.516.000,00 do Podemos. A ex-secretária de Desenvolvimento do governador Rodrigo Garcia Marina Bragante, apoiada por Marina Silva, recebeu R$ 1.048.724,41 da Rede. Os partidos também apostam em nomes conhecidos da mídia tradicional ou das redes sociais para puxar votos com a metade desses recursos ou até menos.

A influenciadora Léo Aquila (MDB) recebeu R$ 503,2 mil; a jogadora Tandara do Vôlei (PL), R$ 500 mil; o ator de Sintonia e rapper Sandrão RZO (PT), R$ 451,6 mil; o humorista Marquito (Republicanos), R$ 133,1 mil; o advogado Ari Friedenbach (PSol), pai de Liana Friedenbach, morta em 2003, R$ 103 mil; e o ator do Teste de Fidelidade Marcos Oliver (PSD), R$ 80 mil.

Para se tornar vereador, um candidato precisa ter 10% do quociente eleitoral, no mínimo. O indicador é o resultado da divisão do número de votos válidos para o cargo pelo número de vagas disponíveis. Em 2020, São Paulo (SP) teve quociente eleitoral de 92.738; foram cerca de 5 milhões de votos válidos para vereador. À época, o candidato eleito com menor votação foi Rinaldi Digilio (do então PSL, hoje União Brasil), com 13.673 votos — acima dos 10% do quociente naquele ano.

Como se vê, o sistema de financiamento público dificulta a renovação política, os recursos são controlados pela cúpula dos partidos. A engenharia financeira é montada arbitrariamente, com raras exceções. A solução para baratear e democratizar a campanha seria adotar o voto distrital ou distrital misto nas eleições municipais, o que não precisaria de emenda constitucional nem mudaria as regras do jogo para os atuais deputados federais. Bastaria mudar a lei eleitoral. Por si só, as campanhas proporcionais para as assembleias legislativas e a Câmara dos Deputados se tornariam menos custosas e clientelistas.

*Luiz Carlos Azedo, Jornalista, é colunista do Correio Braziliense. A coluna deste domingo ( 29) está publicada também no Estado de Minas.

Compartilhe:

#Câmara#Candidatos#Eleições#Leite#SãoPaulo

Sair da versão mobile