A dama política

*Luiz Alberto Barbosa

A política, a ética e a moral, foram trancadas na caixinha de Pandora.
Mas a política é uma dama geniosa, usa muitas máscaras, muitas roupagens, tem comportamentos contraditórios e nunca se sabe a real intenção de quem está do lado de dentro – ou sabemos, só não queremos acreditar em tanta frieza, nesses remanescentes da caverna.
Até pode ser, realmente, uma união de reais aliados, mas hoje está mais para uma dança de traições.
Passeia por aí jogando seu pó da alienação, semeando suspeita em seus atos, carregando de um lado para o outro o seu baú de enigmas.
Esta função que deveria ser organizar a sociedade, se transformou em outro tipo de organização. Ela se deteriorou tanto por aqui, que os bons pegaram seu banquinho e saíram de fininho, deixando a mercê dos Ali Babás comandarem como bem entendem.
Não se escolhe mais por ideologia. Aliás, o que é isso mesmo? Rola solto o famoso “toma lá da cá”, vendem-se votos e até a alma, e nem se cobra tanto.
Uns celebram: Terão quarto anos para governar daquele jeito que sabemos como.
Os céticos dirão: “Nada vai mudar, não importa quem vença”.
Queremos que os jogos de poder sejam desmascarados, mas isso beira a utopia. Quase tudo se deixa manipular.
Outros vão dizer:”É assim mesmo. Isso é normal. As coisas são assim.”
Eu discordo que seja normal, mas estamos tão descrentes, tão manipulados e acreditando em meia-duzia de palavras de efeitos, que abaixamos a cabeça e seguimos em frente como dá.
O jogo de interesse em uma política de mentirinha é inimaginável. Gente se vende por alguma bondade, um beijo na testa, ou malas, sungas, bolsos de dinheiro. Ou ilusões. Que mal há nisso?
Portanto, não creio que haja política e partidos, pois, por trás dos bastidores, as tramas mais estranhas se formam e desfazem num abrir e fechar de olhos. Os adversários não são tão ferrenhos assim, pois, depois, todos se casam, gerando filhotes.
Não entendo esse tipo de mundo e nem sei jogar, nem gostaria, segundo tão desregradas regras. Mas esse é o chão pelo qual caminhamos.
Por ora, lá no fundo do poço, a gente olha desconfiado e espera que a política não seja uma miragem e se transforme de uma dama duvidosa numa entidade confiável.
E o diabinho pousado no ombro ri de satisfação. Talvez a gente só queira mesmo é uma casinha branca, com quintal e uma janela para ver o sol nascer. Só que nem isso eles querem que tenhamos.
A seguir cenas do próximo capítulo.


*Luiz Alberto Barbosa, Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, autor dos livros Mundo Real , Reflexões Cotidianas e Por trás de tudo.

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