Francisco visitou o Santuário Nacional de Aparecida em 2013; Saiba como são as exéquias de um Papa

O Papa Francisco esteve no Santuário Nacional em 24 de julho de 2013, rezando diante da imagem da Mãe Aparecida e abençoando a todos os fiéis, especialmente os brasileiros que acompanhavam a passagem do Santo Padre pela Casa da Mãe.

Durante a Santa Missa, celebrada por Francisco, dom Raymundo Damasceno Assis, na época cardeal arcebispo de Aparecida, ofereceu uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, esculpida em madeira, produzida por um artista do Vale do Paraíba. O Papa a beijou e apresentou aos féis. Como retribuição, Francisco ofereceu um cálice ao Santuário Nacional.

Como será o sepultamento do papa

As honras fúnebres (exéquias) de um Papa são um conjunto de cerimônias que acontecem durante a Novendiales, os Nove Dias Santos de luto após a sua morte. O Pontífice deve ser enterrado de quatro a seis dias a partir do primeiro dia de falecimento. Em abril de 2024, o Papa Francisco aprovou uma reforma nos ritos e simplificou as cerimônias. As mudanças foram publicadas em uma nova edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, o guia cerimonial dos rituais. As três “estações”, que são os passos da constatação da morte até o sepultamento do Pontífice, permaneceram inalteradas, mas a publicação trouxe novidades

PRIMEIRA ESTAÇÃO: na residência do Papa

Acontece na casa do Pontífice e compreende três momentos: Constatação da morte (Constatazione della morte); Exposição do corpo (Esposizione della salma); e a Celebração e orações (Celebrazioni e preghiere). A morte do Papa é verificada e oficializada pelo Camerlengo, o administrador de propriedades da Santa Sé, atualmente o cardeal irlandês Kevin Farrell. Isso acontece na residência da Casa Santa Marta, uma hospedaria no Vaticano, onde o papa decidiu morar após o conclave que o elegeu, em 2013. Antes, a confirmação acontecia no Palácio Apostólico, antiga residência dos Pontífices e o corpo era transladado dos aposentos papais até a Sala Clementina.

O corpo do Papa será embalsamado para que possa permanecer dias sendo velado. Membros da família romana Signoracci têm mantido há décadas a tradição do embalsamamento. Depois do procedimento, o corpo do Papa será vestido com os respectivos paramentos litúrgicos e, na capela de Santa Marta, será velado por membros do Vaticano. Seguem-se as orações previstas e uma celebração da palavra que será presidida pelo cardeal camerlengo, que é quem assume a administração da Sé Apostólica durante a Sé Vacante, período sem

O corpo do Pontífice será depositado diretamente no caixão após a confirmação da morte. Não haverá a exigência de que o corpo do Papa seja envolvido por três caixões: de cipreste, chumbo e carvalho, que juntos pesavam meia tonelada. Agora, ele será enterrado num único caixão, de madeira e de zinco.

SEGUNDA ESTAÇÃO: na Basílica de São Pedro

É dividida em três momentos: o traslado do corpo para a Basílica vaticana (Traslazione della salma del Sommo Pontefice nella Basilica Vaticana); as celebrações e as orações (Celebrazioni e preghiere); e a missa de exéquias (Messa Esequiale). Primeiro o corpo será transportado em procissão da Casa de Santa Marta até a Basílica de São Pedro, com o caixão fechado. Quem preside o rito é o cardeal Camerlengo, que primeiro borrifará água benta no Papa morto com um esperge, e em seguida iniciará a procissão. Durante o caminho, serão recitados diversos salmos e cânticos.

O Pontífice será levado para o interior da Basílica de São Pedro, e no trajeto será declamada a Ladainha de todos os santos com o canto gregoriano em latim. O corpo será colocado em frente ao altar principal ou em outro lugar preparado pelos Cardeais da Congregação. O camerlengo irá aspergir água benta mais uma vez no corpo e o incensará na sequência, enquanto todos os presentes cantarão o Responsório “Subvenite Sancti Dei”. O traslado é concluído.

O caixão permanecerá sem a tampa até a noite anterior do funeral para que os fiéis possam se aproximar do Pontífice e fazer suas orações. Foi abandonada a prática de colocar o corpo sobre um catafalco, plataforma elevada e decorada. Nem a férula papal, que é o bastão do Papa, será colocada ao lado do caixão. A cerimônia seguirá e o Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices, Diego Ravelli, lerá o rogito, uma ata em latim que relata os principais atos da vida de Francisco. Em seguida, será estendido um véu de seda branca sobre o rosto do Papa que será aspergido com água benta pela terceira vez.

No caixão, serão colocados um saco com as medalhas cunhadas durante o pontificado e um tubo com o rogito. A Basílica de São Pedro será aberta para a visitação pública que poderá durar mais de um dia. Durante a passagem dos fieis serão realizadas orações e celebrações litúrgicas.

Terminado o período de visitação chega o dia da missa de exéquias, Eucaristia popularmente chamada de corpo presente, que acontecerá na Praça de São Pedro e será presidida pelo cardeal decano, Giovanni Battista Re, ou, na ausência deste, do vice-decano, o cardeal Leonardo Sandri. Durante a celebração religiosa estarão presentes na praça os integrantes das igrejas, os chefes de Estado, as delegações de governos e os fieis. Não ocorrerá o rito de fechamento do caixão no interior da Basílica, feito quando o caixão de exposição em madeira cipreste era envolto pelo de chumbo e pelo de carvalho; esse rito foi suprimido. O caixão fechado do Papa será transportado por doze carregadores e sairá da Basílica pelo portão central.

O caixão será depositado na frente da escadaria da Basílica sobre um tapete — ali, esperam-se mais de 300 mil fieis na Praça de São Pedro. Sobre o ataúde será posto um evangelho aberto. A missa de exéquias se iniciará e tem-se a súplica da Igreja de Roma, presidida pelo Cardeal Vigário, e a súplica das Igrejas orientais, presidida por um Patriarca Oriental, último rito de encomendação e despedida do Papa.

TERCEIRA ESTAÇÃO: local da sepultura

Ao terminar a missa de exéquias, se iniciará a terceira estação, composta por dois momentos: Procissão ou Traslado ao local da sepultura (Processione) e Sepultamento (Tumulazione della salma del Sommo Pontefice defunto). Ao contrário da maioria dos Papas que foram sepultados sob a Basílica de São Pedro, nas criptas, o Papa Francisco pediu para ser levado para a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, para ser enterrado. A Santa Maria Maggiore é a primeira igreja no Ocidente dedicada à devoção da Virgem Maria. Francisco visitava essa igreja com frequência quando era cardeal. Depois, como Papa, rezava na Basílica antes e depois de qualquer viagem internacional.

Na Basílica de Santa Maria Maggiore, o cardeal Camerlengo presidirá o rito de inumação que consiste na colocação do Papa Francisco em sua sepultura. Foi eliminada a deposição e o fechamento do caixão. Os presentes cantarão o Salve Regina (oração da Salve Rainha cantada em latim) e o Pontífice será sepultado. O túmulo permanece em local acessível ao público para visitas e orações.

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*com informações do Globo.

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