Gráfica contratada por Daniela do Waguinho é de ex-secretário do marido

Investigação da PF diz que dono de empresa é primo do secretário de Educação da gestão de Waguinho, marido da ex-ministra Daniela Carneiro

A investigação sobre desvios em contratos para compra de livros didáticos em Belford Roxo (RJ) indica que empresa contratada pela campanha da deputada Daniela do Waguinho (União Brasil -RJ) tem como dono um secretário da gestão do seu próprio marido, informa o colunista Fábio Serapião, do portal Metrópoles.

Daniela é casada com Waguinho, ex-prefeito de Belford Roxo, cuja gestão assinou a maioria dos R$ 100 milhões em contratos para compra de livros didáticos investigados pela Polícia Federal na Operação Errata.

Ela foi ministra do Turismo no primeiro ano do governo Lula (PT), após seu marido apoiar o petista na campanha de 2022.

Na campanha de 2022 em que foi eleita deputada, Daniela contratou a Lastro Indústria Gráficas por R$ 64 mil.

A reportagem apurou que elementos coletados pela PF na investigação indicam que o dono de fato da Lastro é Denis Macedo, que foi secretário de educação na gestão de Waguinho.

Ele é o principal investigado até o momento na Operação Errata. Denis já foi preso, em 2024, por outra investigação, essa sobre desvios em contratos para merenda na cidade fluminense.

A Lastro Indústria Gráfica tinha como sócio João Morani Veiga, alvo de busca da PF na Errata, mas foi transferida para Filipe de Souza Pegado.

Pegado é primo de Denis Macedo, secretário de Educação na gestão de Waguinho. Segundo a apuração, ele seria apenas um laranja de Macedo no quadro societário da empresa.

Além de receber da campanha, a Lastro aparece como destinatária de R$ 5,7 milhões da Editora Soler, uma fornecedoras de livros didáticos para a gestão de Waguinho investigada pela PF.

A apuração aponta para Filipe Pegado como laranja de Denis Macedo na Lastro e em outra empresa, a Rubra Editora de Gráfica.

A Rubra foi a empresa que mais recebeu dinheiro da campanha da deputada federal em 2022. Foram R$ 561 mil recebidos no período eleitoral.

Defesa

Em nota, a deputada negou “veementemente qualquer tipo de vínculo ou relação com as pessoas e empresas citadas no processo”.

“Quanto às gráficas, os serviços contratados na época da campanha foram todos retirados nos parques gráficos indicados pelas empresas contratadas”, disse a parlamentar.

Questionado pela coluna, o titular da editora Soler, Sandro Coutinho, negou qualquer tipo de irregularidade e afirmou que o valor repassado à Lastro é resultado de 5 anos vendendo livros ao município, uma vez que a gráfica foi responsável por rodar os materiais.

Coutinho afirma que, ao invés de receber os livros “estáticos” de graça pelo governo, o município pode escolher comprar seu próprio livro, “dinâmico e regionalizado principalmente nas matérias de história e geografia do local”.

“Não existe dois dinheiros, existe a opção de receber os livros, ou pedir o repasse da verba para poder comprá-los”, afirma. “O IDEB do município cresceu na parceria com a Soler. Praticamos preço de mercado , de forma alguma houve superfaturamento.”

A reportagem entrou em contato com as empresas Rubra e Lastro, mas não obteve resposta.

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