Cronista fundamental de uma Bahia caiçara e sedutora ao lado do amigo Jorge Amado, Dorival Caymmi transformou a música brasileira ao aliar sua poesia singela e precisa a uma sonoridade original, capaz de ecoar por gerações e revelar novos rumos artísticos. Registrar as múltiplas facetas do compositor baiano e reafirmar seu impacto na história da MPB foram algumas das propostas de “Nas Ondas de Dorival Caymmi”, documentário dirigido por Locca Faria que chega aos cinemas no dia 28 de novembro depois de passar por dez festivais.
Produzido por Helio Pitanga, pela Bossa Produções, o filme traz deliciosas imagens de arquivo e costura com delicadeza as memórias dos filhos Dori, Nana e Danilo Caymmi e os depoimentos inéditos de artistas, pesquisadores e amigos que conviveram com Dorival, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Paulo César Pinheiro, João Bosco e Hermínio Bello de Carvalho.
“João Gilberto me disse que ‘Rosa Morena’ lhe trouxe a batida da bossa nova”, conta Caetano Veloso em um dos trechos. As relações musicais e pessoais entre ícones do movimento e Dorival é evidenciada também na fala de Nelson Motta: “Não haveria bossa nova e João Gilberto sem Dorival Caymmi”.
“Nas Ondas de Dorval Caymmi” revisita também a contribuição do compositor para a construção da persona artística de Carmen Miranda a partir da canção “O Que é Que A Baiana Tem?”, seu pioneirismo em apresentações de voz e violão, e suas canções imortalizadas no cancioneiro popular infantil, como “Acalanto” e “Roda Pião”. O filme menciona ainda aspectos da personalidade do baiano como o paciente processo de composição, que poderia durar uma década, e sua reconhecida habilidade como artista plástico.
Tudo isso, claro, ao som dos versos de “Maracangalha”, “Saudade da Bahia”, “O Samba da Minha Terra”, “Modinha para Gabriela” e muitos outros clássicos nas interpretações de Djavan, Tom Jobim, Elza Soares e Nara Leão, entre outros.
“A minha relação com Caymmi é profunda desde que era ainda garoto. Sempre foi o meu mestre e amigo paterno. Com ele aprendi tudo: a ter um olhar mais atento aos detalhes; a almejar a simplicidade, a contemplação e a essência da verdade; a ouvir o tempo, a sentir a espiritualidade e a admirar o feminino das coisas. O filme é isso tudo: é ele, sua vida e sua obra. É a homenagem de todos os que participaram a esse genial artista e ser humano. É ver, aprender e se emocionar”, explica o diretor Locca Faria, apresentado pelo amigo Danilo Caymmi a Dorival, com quem desenvolveu uma estreita relação.
Distribuído pela Bretz Filmes e com coprodução do Canal Brasil e da RIOFILME, órgão que integra a Secretaria de Cultura da Prefeitura do Rio, “Nas Ondas de Dorval Caymmi” participou dos seguintes festivais:
25° Festival do Rio
47° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
44° Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana
26° Festival du Cinéma Brésilien de Paris
16° Festival Internacional do Documentário Musical – In-Edit Brasil
28º Florianópolis Audiovisual Mercosul
17° Los Angeles Brazilian Film Festival – LABRFF
18° Festival du Film Brésilien de Montreal
11º Festival Internazionale di Cinema Brasiliano
6° Bari Brasil Film Fest
17° Brazil Film Festival Toronto
Dorival Caymmi nas palavras deles:
“É a essência, ele é o traço… tão simples que é inimitável. É único” – Chico Buarque
“Caymmi tem brilho. A obra dele tem brilho. Para mim, talvez o maior que eu conheça” – Maria Bethânia
“Uma centena de canções perfeitas” – João Bosco
“É um dos pilares fundamentais da música popular do Brasil” – Paulo César Pinheiro
“Parece que tem a pontuação, a ginga da conversa mesmo, dentro da letra e da melodia” – Caetano Veloso
“Tem essa coisa da capacidade de contar histórias plenas, densas e intensas no resumo das pequenas canções” – Gilberto Gil