O melhor amigo do homem no Brasil é o vira-lata, ou cão sem raça definida (SRD) na linguagem politicamente correta. E a prova disso é que esses bichinhos têm nesta quarta-feira (31) um dia para chamar de seu, o Dia Nacional do Vira-lata. Importante na missão de valorização desses animais e no combate ao abandono, a data reforça a necessidade da adoção responsável dos cães, independentemente da raça. A informação é do jornal O Dia.
Uma das fundadoras da ONG Bichinho Feliz, que atua no resgate de animais abandonados, a radialista Karla de Lucas, levanta a bandeira a favor dos vira-latas e defende que o amor não tem raça definida. Segundo a protetora dos animais, esse perfil de cão precisa ser mais valorizado pela população.
“Hoje, no Dia Nacional do Vira-lata, é bom lembrarmos as pessoas que o amor não tem raça. Quando a pessoa tem empatia ao adotar um animal que não tem raça definida, que é como chamamos os vira-latinhas, ele está adotando a melhor raça que existe. Eles não tem problemas, são raros os problemas de saúde, é inteligente, se dá com todos os animais. Não nos desfazendo dos animais de raça, mas o vira-latinha tem o espaço no coração de todo mundo”, disse Karla.
A protetora dos animais explica ainda que todos podem ajudar, mesmo quem não vá adotar aquele cão. Só de tirar o cachorro da rua, essa pessoa já evita que esse animal sofra com a falta de alimento, água, acidentes ou agressões.
“Se você encontrar um animal desses nas ruas, pelo menos se prontifique a dar um temporário para ele. Isso já ajuda demais as ONGs, justamente porque essas instituições e os abrigos, estão muito lotados. Como o abandono cresceu muito no Rio, nem sempre é possível ajudar fazendo resgate. Se você que encontra, puder fazer um lar, vai nos ajudar muito”, pede Karla.
Muitas vezes esses animais, segundo ela, entram para a fila de vagas nos espaços da ONG ou são direcionados para as feiras de adoção. “Nós damos suporte, justamente para que eles sejam adotados responsavelmente. Sempre deixamos claro que a adoção tem que ser responsável. A pessoa quando adota um animalzinho tem de saber que irá cuidar daquela vida por pelo menos quinze anos”, reforça Karla.
Essa é a mesma bandeira levantada pelo presidente da Sociedade União Internacional Protetora do Animais (Suipa), Marcelo Mattos Marques. De acordo com ele, muitos animais que se encontram nessa condição de abandono passam por problemas de depressão quando são resgatados, sendo necessário um longo trabalho para reintegra-lo.
“Esses animais esperam que seu tutor vá voltar, mas eles não vão. Então, esse animalzinho, que era o reizinho do seu espaço, se vê obrigado a se adaptar a um abrigo onde precisa dividir espaço com outros animais. Em alguns casos, chega ao ponto dessa depressão fazer com que o animal deixe de se alimentar, abaixando a imunidade e em alguns casos, infelizmente, acabam indo a óbito. Por isso, a nossa maior felicidade é quando conseguimos encontrar um lar para esses animais”, comentou Marcelo.
A reportagem do DIA esteve na Suipa, nesta terça-feira (30), e acompanhou parte do dia com os cães que vivem no espaço mantido pela entidade na Avenida Dom Helder Câmara, em Benfica, Zona Norte do Rio. Inaugurada em 27 de abril de 1943, a sociedade se mantém como uma instituição privada, financiada pela sociedade civil por meio de doações.
Na sua estrutura atual, a Suipa abriga cerca de 1.500 animais, dentre eles cães, gatos, cavalos, porcos, bovinos e pássaros vítimas de abandono.
“Na Suipa, costumamos dizer que não doamos animais, fazemos doações responsáveis. Por exemplo, sempre perguntamos ao tutor se todos na família estão cientes e querem o animal (…) além de sempre deixarmos a pessoa ciente de que esse cão não depende só de um teto e amor. A pessoa tem que ver se o animal cabe no orçamento para que ele não sofra. O futuro tutor sempre passar por uma entrevista para saber se ele está apto. Estando, é felicidade para o resto da vida”, finalizou Marcelo.