Com sangue, suor e brilho, Brasil é bronze por equipes na ginástica nas Olimpíadas 2024

Com emoção até o fim, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira conquistaram, no último salto, o pódio inédito para o país em Paris; Estados Unidos ficaram com o ouro | Foto: Reprodução TV Globo

Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira escreveram, na tarde desta terça-feira (30), mais um capítulo da cada vez mais linda história da ginástica artística brasileira. As cinco ginastas conquistaram, no último salto, o bronze por equipes nas Olimpíadas de Paris 2024, uma medalha olímpica inédita e há muito tempo aguardada. Foi de Rebeca a nota final, um 15.100 em um Cheng lindamente executado, que garantiu o bronze para a equipe no último momento. Com histórico recente de pódios individuais, o Brasil não tinha ainda a conquista para seu conjunto, um feito que prova o amadurecimento da modalidade e que expõe o brilho de suas atletas. O ouro ficou para a equipe dos Estados Unidos, capitaneada por Simone Biles, e a prata para a Itália.

Teve sangue, suor e muito brilho na Bercy Arena, em Paris. Antes mesmo de as apresentações começarem, durante o aquecimento, Flavia Saraiva caiu das barras, bateu com o rosto no chão e abriu o supercílio, sangrando muito. Mas também teve riso, suspense e emoção até o fim. Fora do pódio até o último salto, o Brasil obrigou muita gente a assistir à final com calculadora na mão. E acabou superando China e Grã-Bretanha e conquistando a medalha pela força de seu conjunto e pela luz de Rebeca.

Melhor ginasta do Brasil e uma das melhores do mundo, Rebeca Andrade, de 25 anos, se apresentou nos quatro aparelhos, assim como Flávia Saraiva, de 24, que foi para a luta com curativo no supercílio e tudo. Completas, as duas estão classificadas também para a final do individual geral, dia 1º de agosto. Caçula da equipe e finalista da trave, Julia Soares, de 18 anos, completou o time no solo e na trave. Veterana, Jade Barbosa, de 32 anos, foi a terceira competidora do Brasil no salto, enquanto Lorrane, de 26 anos, se apresentou nas barras assimétricas. Cada uma delas contribuindo naquilo que faz melhor.

O Brasil começou pelo seu aparelho mais fraco, as assimétricas. Ficou em quarto após a primeira rotação e ainda desceu para sexto depois de trave e solo. No salto de Rebeca, tomou o pódio de assalto. Veja abaixo como a seleção se apresentou em cada um deles.

Barras assimétricas

Lorrane Oliveira foi a primeira brasileira em ação. A ginasta é especialista nas barras e entregou uma apresentação sólida, segura. Com um ligeiro erro de postura e um pequeno passo na saída, recebeu 13.000 na pontuação, um pouco menor do que a nota da classificatória, de 13.233.

Com um curativo no supercílio depois de receber atendimento médico, Flavinha Saraiva foi a segunda brasileira a se apresentar nas assimétricas. Fez uma série fluida, sem grandes percalços, apenas um pequeno desequilíbrio, e saiu com um sorriso aberto no rosto. A nota, 13.666, foi ligeiramente menor do que os 13.800 da classificatória, mas boa o suficiente para devolver a segurança à Flavinha, que ainda teria outros três aparelhos pela frente.

Rebeca praticamente cravou sua série. Acertou a ligação de elementos que não fez na classificatória e fez uma saída praticamente cravada. Saiu com um sorriso no rosto e a certeza de que brilhou em seu aparelho favorito, recebendo 14.533.

O Brasil terminou a primeira rotação em quinto lugar somando 41.199, atrás de Estados Unidos, China, Itália e Canadá. Mas os aparelhos mais fortes ainda estavam por vir.

Trave

Com sua entrada-assinatura, o Soares, Julia abriu as séries do Brasil na trave. Finalista da trave, Julia emendou com um triplo giro de cócoras perfeito, seguiu com uma sequência acrobática, se desequilibrou e caiu. Perdeu uma ligação de elementos por causa da falha, mas voltou para a trave e completou sua série sem outros erros, com uma saída quase cravada. Ao fim, se dirigiu ao banco com expressão muito abalada, já esperando uma nota abaixo do esperado: 12.400.

Entre as seleções adversárias diretas, no entanto, os erros também se sucederam. A chinesa Zhou Yaqin, por exemplo, teve duas quedas e recebeu 12.300, muito abaixo dos 14.866 da classificatória.

Flavia Saraiva mostrou se recuperou não só do ferimento no supercílio como também da frustração de não ter se classificado para a final da trave, seu melhor aparelho, após uma queda na classificatória. Nesta terça, Flavinha simplificou uma sequência de acrobacias e teve um desequilíbrio grande, mas se manteve firme na trave, não caiu e fechou bem. Foi importante ter passado sem queda, garantindo a boa nota de 13.433.

Entre as seleções adversárias diretas, no entanto, os erros também se sucederam. A chinesa Zhou Yaqin, por exemplo, teve duas quedas e recebeu 12.300, muito abaixo dos 14.866 da classificatória.

Flavia Saraiva mostrou se recuperou não só do ferimento no supercílio como também da frustração de não ter se classificado para a final da trave, seu melhor aparelho, após uma queda na classificatória. Nesta terça, Flavinha simplificou uma sequência de acrobacias e teve um desequilíbrio grande, mas se manteve firme na trave, não caiu e fechou bem. Foi importante ter passado sem queda, garantindo a boa nota de 13.433.

Chegou a vez da estrela brasileira Rebeca Andrade. A ginasta teve um desequilíbrio grande quase no fim, mas faz uma série muito boa, com alto grau de dificuldade, e cravou a saída, recebendo 14.133, um pouco abaixo dos 14.500 de domingo.

Ao final da segunda rotação, o Brasil desceu para o sexto lugar, agora também atrás de Grã-Bretanha e Romênia. Enquanto isso, Simone Biles cravava as barras e saía muito aplaudida. Os EUA pareciam estar fazendo uma competição à parte, deixando as outras seleções brigando pela prata e o bronze.

Solo

A mistura de pagode com Edith Piaf de Julia Soares deu início à redenção brasileira. Ao som de Cheia de Manias, do Raça Negra, e de Milord, da cantora francesa, Julia apresentou giros perfeitos junto ao solo, mortais seguros, graça, samba no pé e ainda mandou beijinhos para o público. Só teve dificuldade na chegada da terceira diagonal, com um passo grande pra trás, e recebeu 13.233, surpreendentemente abaixo dos 13.500 de domingo. A essa altura, já tinha muita gente com calculadora na mão.

Como uma fada, Flavinha encantou a plateia com uma série graciosa e animada, ao com do Cancan. A brasileira não fez sua série mais difícil, mas acertou cada salto e acrobacia e deu show de simpatia. Recebeu um bom 13.533.

Candidatíssima a medalha no solo, Rebeca teve dificuldade de cravar a chegada de duas acrobacias, mas evitou erros graves. Com uma série de muita dificuldade, foi aplaudidíssima e recebeu 14.200. Ao fim da terceira rotação, o Brasil seguia em sexto.

Salto

Jade Barbosa fez um DTY, o Yurchenko com dupla pirueta. Um bom salto, mas um pouco baixo. Com isso, chegou muito agachada, com o pé fora da linha, recebendo 13.366. Nesse momento, as perspectivas de medalha diminuíram.

Flavinha acertou o DTY. Não foi tão cravado quanto o da classificatória, mas foi um bom salto, que recebeu 13.900 e manteve a chama da esperança do Brasil acesa.

Com um Cheng extremamente bem executado, Rebeca Andrade fechou as apresentações brasileiras com um salto digno da campeã olímpica e mundial que é e recebeu a espetacular nota de 15.100.

Quando são as outras finais? 🗓️

  • Final do individual geral (Rebeca Andrade e Flavia Saraiva): quinta-feira (1), às 13h15
  • Final do salto (Rebeca Andrade): sábado (3), às 11h20
  • Final das barras assimétricas (sem Brasil): domingo (4), às 10h40
  • Final da trave (Rebeca Andrade e Julia Soares): segunda-feira (5), às 7h30.
  • Final do solo (Rebeca Andrade): segunda-feira (5), às 9h20

Com informações do GE

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