Justiça leiloa bens de Ronnie Lessa por mais de R$ 500 mil para indenizar as famílias de Marielle e Anderson

Ex-PM preso por matar a vereadora e seu motorista não é mais proprietário de lancha e terreno em Mangaratiba

Réu confesso dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa não é mais o proprietário de um terreno no Condomínio Píer 51, em Mangaratiba. Nem tampouco, da lancha Minimi, cujo nome é o mesmo de uma metralhadora usada pelas Forças Especiais do Exército. Os bens foram arrematados em leilão, no último dia 27, num total de mais de R$ 600 mil. O valor arrecadado, de acordo com a Justiça, será utilizado para indenizar as famílias das vítimas, assassinadas há seis anos.

O levantamento dos bens de Lessa foi feito pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Rio e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MPRJ). Logo após a prisão de Lessa, em 12 de março de 2019, houve o sequestro de seus imóveis e embarcação, com o propósito de indenização dos familiares de Marielle e Anderson.

Uma casa do ex-PM, na Barra da Tijuca, que estava em nome do seu irmão Denis Lessa, mas que pertencia ao assassino confesso, foi preservada, ficando de fora do leilão. O imóvel fez parte da negociação para que Lessa assinasse o acordo de delação premiada com a Polícia Federal e os ministérios públicos federal e estadual fluminense. Na colaboração, Lessa apontou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além do ex-chefe de Polícia Civil, o delegado Rivaldo Barbosa, como mandantes do duplo homicídio. O primeiro é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), enquanto o outro, deputado federal sem partido.

Na delação premiada do também ex-policial militar Élcio de Queiroz — cuja colaboração ocorreu antes do acordo de Lessa—, ele chegou a falar do súbito crescimento do patrimônio do parceiro no homicídio, justamente no ano em que o crime ocorreu. Élcio confessou que foi o motorista da emboscada à Marielle e ao motorista, ao fazer o acordo no segundo semestre do ano passado. Segundo ele, Lessa passou a ter uma Range Rover Evoque, uma Dodge Ram blindada e uma lancha. Além disso, custeava duas casas e ainda fazia manutenção em um terreno em Angra dos Reis.

“Depois do fato, vi um acréscimo muito grande no patrimônio [dele]. Tinha a Evoque, comprou uma Dodge Ram blindada; uma lancha nova, viajou com o meu filho, depois teve a situação do terreno dele de Angra dos Reis”, contou ele na delação.

Bens leiloados

No último dia 27, por determinação da 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital, o leilão do lote de Mangaratiba e da lancha foram oferecidos em leilão on-line pelo leiloeiro público oficial Jonas Rymer, nomeado pleo juízo. O terreno foi arrematado por R$ 254,1 mil, sendo que os débitos de IPTU, referentes aos exercícios de 2011, 2013 e 2019 a 2024, já estão abatidos do valor total, assim como as dívidas condominiais.

Já Minimi, modelo Real 330 Special Edition, 2018 — mesmo ano do duplo homicídio — foi leiloada por R$ 351.834, 25. A embarcação foi registrada por um amigo de infância do ex-PM reformado, Alexandre Motta de Souza, preso após agentes encontrarem 117 fuzis desmontados em seu apartamento, no Méier, em março de 2018. No processo criminal ao qual Lessa responde foi anexada a nota fiscal da compra da lancha, no mesmo ano, no valor de R$ 261.449,95, além do boleto de fevereiro do aluguel de uma vaga na Marina Portogalo, onde Minimi estava ancorada na época da apreensão. Pela vaga, Lessa desembolsava R$ 2.049,95 por mês.

Na delação de Lessa, ele disse que não recebeu nada para matar Marielle e Anderson, embora os sinais de riqueza tenha surgido após o crime. Aos investigadores, ele contou que, para assassinar a vereadora, os irmãos Brazão lhe propuseram uma sociedade em dois condomínios que seriam criados na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.

Com informações do GLOBO.

Compartilhe
Categorias

Mais lidas

Publicidade
Veja também
Publicidade