O avanço significativo nos rendimentos médios dos brasileiros em 2023, especialmente entre os mais pobres, resultou em um novo patamar histórico de redução da miséria, conforme estimativas do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social).
De acordo com os cálculos baseados nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), divulgados nesta sexta-feira (19) pelo IBGE, no ano passado, 8,3% da população, equivalente a 16,9 milhões de pessoas, encontravam-se abaixo da linha de extrema pobreza. Em contrapartida, em 2022, esse número era de 9,6% da população, ou 19,5 milhões de brasileiros.
Marcelo Neri, diretor do FGV Social, destacou que, embora a série histórica da pesquisa comece em 2012, não há registros anteriores de uma taxa de extrema pobreza tão baixa. Segundo o economista, os primeiros dados datam de 1976, e é improvável que, anteriormente, o país tenha apresentado índices tão reduzidos de miséria:
“Se retroagirmos essa série desde 1976, estamos diante da menor taxa de pobreza da história.”
A transição de 2022 para 2023 registrou uma redução de 2,6 milhões de pessoas na condição de extrema pobreza. Os critérios adotados para essa classificação consideram como extremamente pobres aqueles que possuem renda inferior a R$ 303 por mês por pessoa da família, englobando todas as fontes de renda, conforme definido pelos pesquisadores do FGV Social.
Marcelo Neri ressaltou que esse resultado é especialmente notável em um contexto em que os rendimentos médios aumentaram em ritmo acelerado em praticamente todas as faixas de renda. Para o economista, isso sugere que a expansão do Bolsa Família, considerado o principal impulsionador do crescimento entre os mais pobres, não prejudicou o mercado de trabalho, visto que houve aumento nos salários e na oferta de empregos em 2023.
Com informações de O Globo