O prazo foi dado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes após a revelação de vídeos pelo jornal The New York Times.
O ex-presidente chegou à embaixada quatro dias depois de ter o passaporte apreendido na operação que apura uma tentativa de golpe de estado nas eleições de 2022.
A entrada ocorreu no dia 12 de fevereiro e a saída, apenas no dia 14, como mostram imagens do carro que levou Jair Bolsonaro à representação diplomática.
Nos vídeos, integrantes da embaixada aparecem levando roupas de cama, água, pizza e até uma cafeteira ao quarto reservado para convidados – o mesmo onde ficou o ex-presidente.
Bolsonaro é flagrado circulando e conversando com o embaixador húngaro Miklós Halmai, além de funcionários e seguranças.
A Polícia Federal vai encaminhar um relatório com as provas da ida do ex-presidente à embaixada ao ministro Alexandre de Moraes e ele quem vai decidir se houve desrespeito às medidas cautelares já impostas.
Se entender que sim, pode proibir a entrada do ex-presidente em embaixadas, impor o uso de tornozeleira ou decretar prisão domiciliar.
Em último caso, Moraes pode determinar a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.
Em conversa com o repórter da Band Túlio Amâncio, o ex-presidente confirmou que esteve na embaixada da Hungria, mas não quis dar detalhes sobre o que foi fazer lá. Ele reforçou que tem o “direito de ir vir” e que mantém uma relação com os países de afinidade ideológica.
Em São Paulo, o ex-presidente falou durante um evento que entregou o título de cidadã paulistana a Michelle Bolsonaro e disse que, para ele, é natural frequentar representações diplomáticas.
Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro disse que ele esteve na Embaixada da Hungria a convite.
“Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações”, reforçou.
“Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news”, disse.
Após a divulgação dos vídeos, o Ministério das Relações Exteriores chamou o embaixador da Hungria para falar sobre a hospedagem do ex-presidente. Miklós Halmai foi ao Itamaraty e saiu depois de 20 minutos – ele optou por ficar em silêncio.
De acordo com o especialista em direito internacional Fábio Schneider, uma vez dentro da embaixada, o ex-presidente não poderia ser preso, por exemplo.
Nas redes sociais, aliados de Jair Bolsonaro e um dos filhos dele, Eduardo Bolsonaro, questionaram o vazamento das imagens.
No X, o antigo Twitter, o deputado escreveu: “Estranho como imagens de um circuito interno de TV de uma embaixada estrangeira vazam e ninguém se pergunta como: serviço de inteligência de algum país? Hacker a serviço de quem? Por que um assunto do Brasil e Hungria foi vazado de um jornal esquerdista americano? Somos tão ingênuos assim?”.
*com informações da Bandnews