3ª Roda de Conversa ‘Cuidando de Quem Cuida’, reúne emoção, cuidado e interação em Japeri

O evento comemorou o Dia das Mães com dinâmicas e acolhimento de mães atípicas

Um momento de acolhimento, escuta e cuidado com quem se dedica diuturnamente as crianças e adolescentes atípicos, suas mães. A ‘3ª Roda de Conversa: cuidando de quem cuida!’, aconteceu nesta terça-feira, (28), com muita emoção e interação, no auditório do Centro Municipal de Especialidades, em Engenheiro Pedreira, e foi dedicado a comemoração do Dia das Mães, (12/5), para elas, as mães atípicas.  

De acordo com a psicóloga, Simone Pontes, o diagnóstico de autismo traz grande impacto para a rotina familiar e pode ocasionar sobrecarga física e mental, altos níveis de estresse e baixo índice de qualidade de vida para os integrantes do núcleo familiar. “Esse projeto surgiu a partir dessa perspectiva de acolhimento e da convivência com outras mães de autistas, possibilitando a oportunidade de trocar experiências sem julgamento, e fundamentalmente para estabelecer um espaço de compreensão”, definiu Simone.  

O encontro contou com relatos, desabafos, choros e dinâmicas que contribuíram para que, todos entendessem que inicialmente, as crianças são seres em desenvolvimento e precisam ser respeitadas quanto ao seu tempo. A mãe de João Daniel, (9), Darlene Lima, descreve a alegria de ter o filho ao seu lado e ver seus progressos. Mas, também traz dores de impaciência e intolerância em transportes e outros lugares públicos.  

“Meu filho é minha alegria e quando no trem uma pessoa reclamou dele e disse que pedia desculpas por não ter visto que ele tinha problema, eu respondi de pronto. Problemas temos eu e você, ele é só uma criança. E é isso que as pessoas precisam entender, são crianças, com pressa, agitação, às vezes amuado ou até com alto grau de irritabilidade. Mas, ainda sim, crianças”, relatou.  

Dinâmica da bola e da declaração ao espelho 

Na primeira dinâmica, com a entrega de um balão a cada mãe, a psicóloga Simone pediu que todas jogassem para cima. E quem não deixasse a sua bola cair ia ficando e recebendo a bola de quem saiu. Certa hora, uma das mães estava com todas as bolas nas mãos, mas, ao jogar para o alto já não conseguia segurá-las.  

“E na moral dessa história é que com tantos afazeres, alguns vão fugir do controle e não serão executados. E você não é uma mãe pior ou melhor por isso. Você possui uma grande sobrecarga e não é castigo que merece, é acolhimento, ajuda e cuidado” 

Já na segunda dinâmica, ao abrir uma caixa, as mães deveriam dizer palavras de apoio e incentivo para a mãe que viam no interior do objeto. Ao se verem refletidas no espelho da caixa, as mães atípicas puderam confrontar seus medos, soltar as emoções e dizer da força e da admiração que sentem pela aquela mãe que estava bem diante dela, no espelho.  

Inicialmente as declarações eram tímidas, mas foram tomando força e se tornando emocionadas declarações de amor. “Você é corajosa!”; “Você vai conseguir!”; “Se cuide mais e tenha mais coragem!”; “Você não é fraca por chorar!”; “Às vezes você pensa que está sozinha. Mas, está amparada. Siga bem nas suas lutas!”; “Aqueles que desistiram de seguir ao seu lado é que foram fracos. Você é forte, você tem o maior amor do mundo!”; “Eu sei que não é fácil, mas, você pode seguir firme. Se cair, se levante. Você vai vencer!”. 

Projeto de Acolhimento Roda de Conversa ‘Cuidando de Quem Cuida 
 
O encontro realizado pela Prefeitura de Japeri, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e com execução da equipe técnica e administrativa do Centro de Reabilitação Infantil (Cri), faz parte do Projeto de Acolhimento da instituição e leva orientação psicológica, encaminhamentos e cuidados assistenciais para os responsáveis das crianças e adolescentes atendidas. Em 2024, o projeto que começou há quase um ano, está em sua terceira edição e acontece mensalmente no auditório do Centro Municipal de Especialidades, em Engenheiro Pedreira, com diversas temáticas. 

Para a subsecretária de Atenção Especializada, Tatiana Soares, esse projeto não só conforta o coração das mães, como humaniza as ações de atenção à saúde das crianças. “Não é só atender a criança, são famílias que vem lidando com inúmeras situações adversas e que precisamos apoiar e fortalecer nessa jornada marcada por desafios, aprendizados e adaptações. Para elas, tudo tem outro ritmo, mais intenso, mais sensível e que muitas vezes não permite descanso. Mas, queremos que elas saibam que estamos aqui, caminhando junto e buscando diminuir o isolamento emocional e social”, disse a gestora.

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