A campanha eleitoral para a Prefeitura de Nilópolis, na Baixada Fluminense, está marcada por uma disputa inédita entre as tradicionais famílias Abraão e Sessim, que há cinco décadas controlam a política local. Diferentemente das eleições anteriores, não houve acordo entre as famílias para uma candidatura única, gerando uma divisão acirrada.
Como informa Marcelo Remígo, em O Globo, há uma disputa acirrada pela chamada “Família Beija-Flor”, grupo de eleitores ligados à escola de samba, e pelo respaldo de Aniz Abraão David, o Anísio, presidente de honra da agremiação, com histórico de ligação com o jogo do bicho e muito influente na política local.
O atual prefeito, Abraão David Neto, o Abraãozinho, busca a reeleição pelo PL. Seu adversário será o primo e ex-prefeito Sérgio Sessim, candidato pelo PT. Antes do rompimento, ambas as famílias eram ligadas ao PP. Agora, cada candidato traçou sua própria estratégia, com foco em conquistar o apoio de Anísio e da Beija-Flor. Aliado dogovernador Cláudio Castro nas alianças partidárias nas cidades da Baixada, o deputado federal Dr. Luizinho, presidente regional do Progressistas, ainda não se manifestou. Serginho Sessim é muito ligado às lideranças católicas da Diocese de Nova iguaçu.
Segundo fontes do PL e do PT, Abraãozinho, sobrinho de Anísio, recebeu seu apoio para a campanha. Contudo, Sérgio Sessim também obteve a garantia de que Anísio não se posicionará contra sua candidatura, mantendo-se neutro.
Ambos os candidatos têm organizado eventos na quadra da escola de samba e visitas a projetos sociais da Beija-Flor, cujos eleitores representam cerca de 30% do eleitorado das famílias Abraão e Sessim. Estima-se que a cisão entre os primos garantiu a Sessim 5% desse eleitorado. Nilópolis possui 130 mil eleitores, e Abraãozinho obteve 40.011 votos na eleição de 2020.
A rivalidade se intensificou após as mortes de Farid Abrão David, ex-prefeito, em 2020, e de Simão Sessim, ex-deputado federal, em 2021. Farid controlava a política local e estadual, enquanto Simão representava o clã em Brasília. Os ressentimentos mútuos contribuíram para a ruptura entre os primos, agravada pela falta de homenagens públicas a Simão e alianças políticas controversas.
Abraãozinho planeja sua campanha focado na prestação de contas e no apoio de líderes do PL, incluindo o governador Cláudio Castro e o presidente estadual do partido, Altineu Côrtes. Ele contará também com o apoio do deputado federal Ricardo Abrão, filho de Farid.
Sérgio Sessim, que preferiu não comentar sobre a campanha, formou uma aliança com a oposição ao prefeito, incluindo partidos como MDB, PDT, PRD e a federação Rede-PSOL. Se Sérgio não apresentar bom desempenho nas pesquisas, poderá ceder a cabeça de chapa a Rogério Ribeiro, presidente do MDB local, para evitar a divisão da oposição e fortalecer a candidatura da esquerda.
Para a cientista política Mayra Goulart, da UFRJ, embora a disputa entre os primos reflita a polarização nacional, o cenário é principalmente local. “As eleições municipais dão ampla autonomia às lideranças locais. Os partidos precisam mais das lideranças que elas das legendas”, destaca Goulart, ressaltando a importância do apoio de Anísio para manter a união histórica entre as famílias Abraão e Sessim.
*com informações do Globo, Agenda do Poder e do Nova Iguassu Online.