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1 ano da Lei Vini Jr: PMs serão treinados para identificar atos racistas nos estádios

Política do RJ de combate ao racismo inspirou legislações semelhantes em 5 estados e 7 municípios pelo Brasil

Esta sexta-feira (5) marca o primeiro aniversário da Política Estadual Vini Jr. de Combate ao Racismo no Rio de Janeiro. Conhecida como Lei Vini Jr, a legislação pretende combater casos de racismo nos estádios e arenas do estado.

Para garantir a melhor aplicação da lei e o combate eficiente aos casos de racismo, a Polícia Militar fechou uma parceria com a Comissão de Combate às Discriminações da Alerj para treinar os PMs do Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (BEPE). O objetivo é orientar os agentes de segurança sobre como identificar atos racistas nos eventos esportivos, além de melhorar o atendimento as vítimas.

Entre as medidas que constam na lei de autoria do deputado Professor Josimar (Psol) está a determinação de encerramento de partidas esportivas que tenham manifestações racistas por qualquer pessoa presente no local. Saiba mais sobre a Lei Vini Jr. no final da reportagem.

Segundo o parlamentar, que é presidente da Comissão de Combate às Discriminações da Alerj, algumas pessoas que foram vítimas de atos racistas não conseguiram buscar ajuda no estádio. As denúncias motivaram essa parceria com a PM.

“Recebemos algumas pessoas na comissão que presenciaram atos racistas em estádios, mas não conseguiram êxito no encaminhamento, por isso procuramos o BEPE. O treinamento que será realizado pela comissão para os policiais tem o objetivo de informar e orientar na identificação de atos racistas com base no Protocolo de Combate ao Racismo previsto na Lei Vini Jr.”, explicou Professor Josemar.

O Comandante do BEPE, o tenente coronel Carlos Eduardo da Silveira Monteiro, aprovou a iniciativa e acredita que o torcedor deve procurar os policiais caso percebam algum ato racista.

“A polícia precisa da ajuda do torcedor denunciando o ato preconceituoso, para que as providências cabíveis sejam tomadas. O torcedor, vítima ou não, é o principal protagonista em combater o racismo, quando está próximo ao ato e o denuncia às autoridades”, comentou o comandante.

“Frequentemente nossa tropa recebe instruções, devido à complexidade do serviço do BEPE. Lidamos com milhares de torcedores, o que nos motiva a instruir cada vez mais nossos policiais. Dentre as diversas instruções que eles recebem, está a instrução quanto às legislações, que de alguma forma estão ligadas ao nosso serviço, inclusive sobre os crimes de racismo”, disse Carlos Eduardo da Silveira Monteiro.

5 estados e 7 cidades copiam lei

A batalha travada pelo jogador brasileiro Vinícius Júnior contra torcedores racistas na Espanha e no mundo redeu frutos na legislação sobre o tema em outros estados do Brasil.

O Rio de Janeiro foi pioneiro. Com a aprovação da lei em 2023 o estado saiu na frente no combate ao racismo nos estádios e eventos esportivos. A legislação aprovada na Alerj serviu de inspiração para outras casas legislativas do Brasil, inclusive na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Ao todo, outros cinco estados (Amapá, Amazonas, Paraíba, Espírito Santo e Rio Grande do Norte) e sete municípios aprovaram leis semelhantes. Além disso, projetos com o mesmo objetivo estão tramitando em outras 11 casas legislativas, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Ceará, Alagoas e Maranhão.

“A lei serviu de inspiração para deputados e vereadores de vários estados e municípios brasileiros e até para a Câmara Federal. Isso foi um ganho nacional para a luta contra o racismo”, comentou o deputado autor da lei no Rio de Janeiro, Professor Josemar.

“O nosso maior legado com a Lei Vini Jr. é o fato de termos conseguido realizar o debate antirracista tanto no mundo esportivo quanto na sociedade fluminense, que se expandiu para a população brasileira”, completou.

Detalhes da Lei Vini Jr.

A Política Estadual Vini Jr. de Combate ao Racismo sugere uma série de medidas punitivas e educativas para que práticas racistas possam ser eliminadas das arquibancadas do Rio de Janeiro.

A Lei Vini JR estabelece as seguintes ações:

Além das medidas obrigatórias, a legislação também sugere a criação do ‘Protocolo de Combate ao Racismo’, com as seguintes orientações:

Perseguição a Vini Jr.

A motivação para a elaboração da lei foi a forte perseguição sofrida pelo jogador brasileiro Vinícius Junior durante sua passagem pelo futebol espanhol. A maioria dos atos ocorreu em 2023. Em junho desse ano, três torcedores do Valencia foram condenados a oito meses de prisão na Espanha por ataques racistas a Vinícius Junior, em maio de 2023, no estádio Mestalla.

No jogo contra o Valencia, o jogador foi vítima de ataques racistas por grande parte do estádio. Na partida, Vini acusou parte da torcida do Valencia de chamá-lo de “macaco” no segundo tempo. O jogo chegou a ficar paralisado por cerca de oito minutos. Nos minutos finais, o brasileiro foi expulso após confusão com o goleiro Mamardashvili.

Três torcedores do Valencia identificados nessa partida foram condenados a oito meses de prisão. Em postagem nas redes sociais, Vini Jr comemorou a prisão dos torcedores.

“Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas “jogar futebol”. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos. Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí”, escreveu o brasileiro.

Em março deste ano, Vinicius Junior voltou ao estádio Mestalla para novo confronto entre Valencia e Real Madrid. O brasileiro fez os dois gols dos visitantes no empate em 2 a 2. De acordo com relatório da LaLiga, Vinicius foi alvo da torcida do Valencia em pelo menos três momentos do confronto deste ano.

Com informações do g1.

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