Cidades da Baixada já tem mais mortes por Covid-19 do que a Argentina
maio 29, 2020 /
*Paulo Cezar Pereira
Enquanto o estado do Rio de Janeiro está ganhando da China, India e da Rússia em número de mortes por Covid-19, a Baixada Fluminense já atropelou a Argentina . Os números são oficiais: a Argentina, com cerca de 45 milhões de habitantes, registra hoje (29/05) 510 mortes por coronavírus, ocorridas em 188 cidades. Quando comparados aos da Baixada, os números, atualizados em tempo real pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, preocupam, envergonham, humilham e deixam os moradores de 12 cidades da nossa Região Metropolitana alarmados. Deveriam servir de reflexão para os nossos governantes: Nestas cidades da Baixada, o boletim desta sexta-feira (29) da secretaria estadual de Saúde do Rio informa que já são 5079 infectados e 783 óbitos do novo coronavírus.
A área territorial de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis, Belford Roxo, São João de Meriti , Queimados, Magé, Guapimirim, Seropédica, Japeri e Paracambi soma exatos 2.504, 17 quilômetros quadrados, enquanto a da Argentina tem 2,780 milhões. Ao contrário do Brasil, que em pleno pico da pandemia não tem ministro da Saúde, a Argentina agiu rápido. Aulas suspensas, fronteiras fechadas, voos cancelados, saída de casa proibida, monitoramento de drones em praias. Essas foram medidas de distanciamento social tomadas pela Argentina dias após a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter declarado que o novo coronavírus era uma pandemia. Quando, em 15 de março, os argentinos decidiram começar a se fechar para evitar a proliferação da covid-19, o país tinha 45 pacientes contaminados e duas mortes.
No estado do Rio, o sistema hospitalar público está beirando o colapso, os profissionais de saúde reclamam todos os dias que não recebem salários em dia e se queixam da falta de equipamentos de proteção pessoal e de segurança, o comando da saúde estadual caiu por corrupção, o governador e a primeira-dama são acusados de receberem dinheiro de uma poderosa máfia de fornecedores e de empresas que abocanharam, sem licitações, quase R$ 800 milhões em contratos emergenciais. Fustigado pelas denúncias que o atingem em cheio, Wilson Witzel está reagindo para salvar seu governo: já demitiu três secretários e dá sinais de que mais dois serão defenestrados nos próximos dias.Está entregando os dedos para salvar os anéis.
Na ponta da crise moral, ética e administrativa, a população da Baixada não sabe mais a quem reclamar. Num país em que o presidente da República briga cm governadores, prefeitos,com ministros do STF e com o Congresso, alem de xingar diariamente os jornalistas profissionais que cobram ações do governo federal para conter a pandemia, não causa estranheza os números da tragédia que mata por falta de leitos, hospitais, equipamentos,como respiradores, e UTIs para o enfrentamento da velocidade e da alta taxa de letalidade da Covd-19 nas cidades da Baixada Fluminense. E, cá pra nós, os prefeitos dessas cidades também estão pisando na bola e por isso estão perdendo o jogo da vida, alguns de goleada.
*Paulo Cezar Pereira é Jornalista.