Miliciano se infiltrou no PSOL para monitorar passos de Marielle, revela investigação da PF

A Polícia Federal aponta que havia um miliciano infiltrado no PSOL, partido de Marielle Franco, para levantar informações sobre sua atuação parlamentar. Laerte Silva de Lima teria se filiado 20 dias depois do segundo turno das eleições de 2016 e também seria o vínculo direto entre o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão. Ambos foram presos preventivamente por suspeita de serem os mandantes da morte da vereadora.

Na delação premiada firmada com a PF e a Procuradoria-Geral da República, Ronniel Lessa relatou que a primeira reunião com os irmãos Brazão ocorreu por volta de setembro de 2017, quando foi acertada a execução de Marielle. O ex-policial militar está preso acusado de ser o responsável pelos tiros que atingiram a parlamentar.

Na ocasião, teriam surgido as primeiras falas sobre a motivação do crime, que dão conta de que a vítima “teria sido posta como um obstáculo aos interesses dos Irmãos”. De acordo com as investigações, essa percepção decorreria de informações oriundas de Laerte.

A PF aponta que Laerte foi preso no âmbito da operação Intocáveis com outros suspeitos de integrarem o grupo militar responsável pela exploração de serviços e afins na localidade de Rio das Pedras. Os três foram condenados por participaram de uma organização criminosa tida como uma das mais poderosas em atividade na Zona Oeste do Rio

“Ademais, como visto em linhas recuadas, FININHO era o vínculo direto entre os BRAZÃO e a Comunidade de Rio das Pedras, área na qual a família era eleitoralmente soberana”, aponta a PF, no relatório final de investigação.

No documento, a PF cita que a infiltração remontaria a período anterior ao interesse na morte de Marielle.

“Traçou-se um paralelo sobre levantamentos de outros políticos do PSOL solicitados por MACALÉ antes do segundo semestre de 2017, atribuindo o interesse por tais consultas ao desdobramento de conversas que este mantinha com os BRAZÃO, possivelmente acerca de represálias. Contudo, à época, nada seguiu ou evoluiu para além das pesquisas”, destacam os investigadores.

Lessa contou ainda que, sem seguida, Domingos Brazão passou a ser mais específico sobre os obstáculos que a vereadora poderia representar, fazendo referências a reuniões em que ela teria mantido com lideranças comunitárias da região das Vargens, na Zona Oeste, para tratar de questões relativas a loteamentos de milícia.

“Então, mencionou-se que, por conta de alguma animosidade, haveria um interesse especial da Vereadora em efetuar este combate nas áreas de influência dos BRAZÃO, dado que seria oriundo das ações de infiltração de LAERTE. Nesse momento, ponderou- se a possibilidade de que este poderia ter sobrevalorizado ou, até mesmo, inventado informações para prestar contas de sua atuação como infiltrado”, ressalta a PF.

Segundo os investigadores, nas palavras do ex-PM, Laerte poderia “ter enfeitado o pavão”, levando os irmãos ao equivocado superdimensionamento das ações políticas de Marielle Franco nesta seara.

“Deste modo, os elementos apresentados pelo discurso do colaborador podem ser sintetizados em duas questões primordiais: a suposta animosidade dos BRAZÃO com integrantes do PSOL, apontada por conta de levantamentos de políticos da legenda que teriam sido solicitados por MACALÉ, no interesse dos Irmãos, e a atuação de Marielle Franco junto a moradores de comunidades dominadas por milícias, notadamente no tocante à exploração da terra e aos loteamentos ilegais”, frisa a PF.

*com informações do G1.

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